Qual a vantagem?

Vou pintar minhas unhas de preto e tomar um bom banho.
Deixar minha mente viajar por entre os canos de água.
Não há alucinógeno melhor do que a imaginação
que cria e recria a liberdade sem limites.
Dopamina, Serotonina, Adrenalina, Oxitocina...
Sou mesmo exagerado, mas não sou poético
Sou absorvido pela poesia e absolvido pela dialética funcional da lógica informal
na antítese dos simplistas que consomem com seus olhos crus arco íris como se fossem pílulas compradas no supermercado divino.
Não é assim que funciona o amor comigo.
Não com palavras ou gestos repetitivos quase compulsivos, às vezes premeditados outras vezes possessivos, pré-estabelecidos com normas, etiquetas, objetos, símbolos, ritos de aprovação e demonstração aos demais, semelhantes ou desiguais que socialmente cobram-se o preciso com uma precisão que se perde entre juras e verdades com prazo de validade prestes a vencer.
O amor é o silêncio e o que não se pode resumir com palavras, é o que está distante da compreensão humana e o que não vende novelas e nem filmes por não estar disponível ao acesso superficial das necessidades imediatistas dos que cismam em objetivar e definir o que é o certo e o errado, o bom e o ruim, o bem e o mal, numa dicotomia irritante que não aceita as mil cores das borboletas coloridas facetadas nos átrios dos corações e dos becos obscuros que não foram descobertos, contudo existem na diversidade da capacidade sutil dos seres que habitam o sistema solar varonil entre galáxias distantes e ameaçadas por meteoros que prometem a qualquer momento chocar-se com a terra.

Bom, se eu te disser que estou trancado num quarto no meio do interior de São Paulo sem absolutamente nada para fazer e de saco cheio de ler todos os livros que trouxe para o “passeio”, conseguirás tu, entender que o pensamento me serve como um colete salva-vidas em meio ao mar de informações, imagens, criações, músicas e programações, jogos e diversões que poderiam distrair, mas que aqui jaz entre as dezesseis mil paredes que não são capazes de trancafiar meus sonhos e desejo?
Vôo pelas florestas e corro pelas ruas sem direção e quem dita a direção?
Pra onde?
Quando?
Qual?
Por quê?
Quem?

Os diálogos são infinitos, mas jamais poderá começar uma conversa com a pergunta:

Qual é a vantagem?

Se chegar até um qualquer e sem nada dizer lançar mão deste questionamento ele não conseguira respondê-lo.
Pois não existem vantagens sem um motivo real e honesto para obtê-las.
E tais vantagens nunca serão de fato vantagens se não puder compartilhá-las com quem ama.
E se não descobrir o amor, para que tantas vantagens?

Ser-tempo.

Tico Sta Cruz