Da sacada do terceiro andar.
As luzes desta pequena cidade do interior de Minas brotam pelas ruas dando frutos como árvores na primavera. Colorindo pouco a pouco a noite que não se amedronta e vem trazendo em sua imensidão escura estrelas distantes que gostaria de conseguir enxergar.
A luta entre elas é desigual perante meus olhos.
De um lado, o de baixo, postes que iluminam as ruas, faróis de carros, sinais de trânsito, luminárias escondidas e lâmpadas esquecidas que piscam dentro das casas. Do outro lado, o de cima, o céu muito distante, milhas, quilômetros, anos luz, com a lua minguante que emana seus raios, reflexo do sol, por entre nuvens abusadas que transitam livremente a mercê de uma brisa suave. As estrelas se dispõem a piscar e piscar onde quer que estejam. Algumas já mortas, mas não menos reluzentes. O Duelo é desigual.
A praça segue tranquila, iluminada pela lamparina do pipoqueiro rodeado de pessoas falantes enquanto os mosquitos se acalentam ao redor de suas lâmpadas. A sirene silenciosa da polícia desfila cores vermelhas e azuis, patrulhando pacatamente o lugarejo enquanto lá no alto, quase nada mudou tão rapidamente.
A cidade é efêmera como nossa vida.
A Noite não!
A noite é eterna.
Embora o movimento de rotação da terra nos dê a sensação de que os dias são alternados, lá no alto a noite permanece escura e pontilhada de luz.
Se de repente todas as luzes desta cidade e de todas as outras milhares espalhadas pelo mundo inteiro se apagassem, propositalmente ou não, poderíamos ver o tamanho da nossa insignificância diante do céu de luzes naturais que viriam por todos os lados, com cores maravilhosas e intensidades diferentes, marcando o compasso de nossos breves corações.
Com isso, concluo que esse duelo é tolo.
Como espectador, mal posicionado, ignorante e com o meu campo de visão totalmente limitado, poderia erroneamente dizer que o vencedor é a cidade, de luzes claras e fortes. Mas estaria sendo enganado por meus sentidos viciados e por minha falta de saber.
Na verdade, pouco importa para o verdadeiro vencedor quem ganhou a competição, a batalha ou a guerra, porque para este a disputa é desnecessária, tamanha sua simplicidade de ser somente o que é e isso lhe basta. Do crescer, cresce porque este é o seu destino natural enquanto nós buscamos o crescimento por comparações e referências, mal sabendo que estas podem estar momentaneamente contaminadas por critérios mutáveis.
Quando tudo estiver se acabando, destruído, devastado, por nossa ganância, por nossos egos, por nossas armas, guerras, religiões, por nossa prepotência, não teremos mais nem as luzes artificiais.
O céu, a noite, as estrelas cadentes estarão lá brilhando sempre, no infinito de suas constelações, sutis, indiferentes ao que se passa neste planeta mal habitado e os vencedores, onde estarão ?
Tico Sta Cruz
A luta entre elas é desigual perante meus olhos.
De um lado, o de baixo, postes que iluminam as ruas, faróis de carros, sinais de trânsito, luminárias escondidas e lâmpadas esquecidas que piscam dentro das casas. Do outro lado, o de cima, o céu muito distante, milhas, quilômetros, anos luz, com a lua minguante que emana seus raios, reflexo do sol, por entre nuvens abusadas que transitam livremente a mercê de uma brisa suave. As estrelas se dispõem a piscar e piscar onde quer que estejam. Algumas já mortas, mas não menos reluzentes. O Duelo é desigual.
A praça segue tranquila, iluminada pela lamparina do pipoqueiro rodeado de pessoas falantes enquanto os mosquitos se acalentam ao redor de suas lâmpadas. A sirene silenciosa da polícia desfila cores vermelhas e azuis, patrulhando pacatamente o lugarejo enquanto lá no alto, quase nada mudou tão rapidamente.
A cidade é efêmera como nossa vida.
A Noite não!
A noite é eterna.
Embora o movimento de rotação da terra nos dê a sensação de que os dias são alternados, lá no alto a noite permanece escura e pontilhada de luz.
Se de repente todas as luzes desta cidade e de todas as outras milhares espalhadas pelo mundo inteiro se apagassem, propositalmente ou não, poderíamos ver o tamanho da nossa insignificância diante do céu de luzes naturais que viriam por todos os lados, com cores maravilhosas e intensidades diferentes, marcando o compasso de nossos breves corações.
Com isso, concluo que esse duelo é tolo.
Como espectador, mal posicionado, ignorante e com o meu campo de visão totalmente limitado, poderia erroneamente dizer que o vencedor é a cidade, de luzes claras e fortes. Mas estaria sendo enganado por meus sentidos viciados e por minha falta de saber.
Na verdade, pouco importa para o verdadeiro vencedor quem ganhou a competição, a batalha ou a guerra, porque para este a disputa é desnecessária, tamanha sua simplicidade de ser somente o que é e isso lhe basta. Do crescer, cresce porque este é o seu destino natural enquanto nós buscamos o crescimento por comparações e referências, mal sabendo que estas podem estar momentaneamente contaminadas por critérios mutáveis.
Quando tudo estiver se acabando, destruído, devastado, por nossa ganância, por nossos egos, por nossas armas, guerras, religiões, por nossa prepotência, não teremos mais nem as luzes artificiais.
O céu, a noite, as estrelas cadentes estarão lá brilhando sempre, no infinito de suas constelações, sutis, indiferentes ao que se passa neste planeta mal habitado e os vencedores, onde estarão ?
Tico Sta Cruz
14 Comments:
"..tamanha sua simplicidade de ser somente o que é e isso lhe basta.."
perfeito isso, Tico.
Muito lindo seu texto, parabéns, também fiquei admirando o céu e a cidadezinha de Andradas lá do hotel =D
eu tô sempre olhando pro céu, não só por ser astróloga mas por ser algo que me agrada desde pequena..saudade do céu, sabe como é? =) eu sempre tive.
tô sempre procurando a Lua, Júpiter ou alguma estrela quando olho pra cima.
Fico chateada de não conseguir uma noção tridimensional mais 'palpável' das estrelas lá em cima, fico imaginando como seria passear pelas galáxias, no meio de tooooooooooodo esse espaço cósmico, muitas vezes sinto ser ele meu lar mais do que esse planeta, não sei por quê..
Mas também amo demais a Terra e todos os habitantes, todos mesmo, amor é uma coisa boa que a gente não precisa justificar, quantificar, adequar...amor é amor né?
E é o que mais precisamos aqui..
E em qualquer lugar =)
Foi demais o dia em Andradas, Tico. Perfeito mesmo.
Parabéns!!!!!!!!!!
Em breve vou te entregar (ou ao Renato) o livro que te falei, "Os Semeadores de Vida", que aliás tem bastante a ver com esse meu comentário aqui em cima.
se quiser aparece no meu flog www.fotolog.com/khaleebennet
ou no http://khaleeduranki.multiply.com
vou botar fotos do show lá.
beijos, Tico!!!!!!!
da sacada do 10º andar ...
chuva cai ... deixa cair ... a cidade estava pedindo, já que essa semana o céu estava tão cinza ... talvez amanhã quando for trabalhar possa ver um ceu mais limpinho.
daqui da minha sacada não consigo ver muitas coisas ... estou rodeada de prédios ... bem aqui na frente tem um hotel e um cinema ... quando estou em casa posso sentir o cheiro da pipoca invadindo a sala ... hummm.
venho de uma regiao calma pra essa selva de pedra ... mas gosto muito daqui ... confesso que as vezes me da saudade de sentar na varanda da fazenda ou mesmo no gramadao e apreciar o por do sol ou a lua.
e como fica tudo isso né ? o artificial vai embora ... e o natural vai ficar sempre ... sem espectadores. porque do jeito que os homens estao levando ...
estava agora nesse momento vendo tv ... preferi desligar pq as noticias sao tristes demais ... e to aqui lendo seu texto ... e comentando o que ta vindo na minha cabeça.
e tem um et aqui na tela e na hora que vi, eu sorri ! ele diz que volta logo ...**risos**...
ah que saudade !
muitos beijos.
S2
Muito bom esse texto que você fez cara, tem uma idéia muito interessante...gostei de como descreveu todo o lugar, eu diria que foi digna de Tolkien(não sei se você já leu os livros dele, ou se só assistiu ao filme do Senhor dos Anéis)...muito bom o texto mesmo.
Valeu e abraços a todos aí,
Renato, RJ.
Vc tá bem?
Tenho escrito sobre vc no meu fotolog...
Ñ sei se viu!
Passa por lá, as meninas acham q vc tem q ler...
Bjs
Te adoro!!!
Anjo caído!
Eu fui alguém ignorado
Mais um entre os milhões de pobres favelados
E decidi minha história mudar
Hoje vejo seus rostos atormentados
Pânico e medo por todos os lados
e ninguém poderá ajudar
Todos os códigos foram quebrados
e seus destinos foram traçados
não há ninguém à quem clamar
Vocês já foram condenados
Fiz tudo o que estava ao meu alcance
Mesmo assim não me escutaram
Te foram dadas todas as chances
Em todas elas vocês falharam
Vocês quiseram ter suas revanches
Vou lhes mostrar aonde chegaram
Não olhem mais para o céu procurando paz
Nem todo sangue derramado os fez mudar
e o que era pra ser então se fez
Não botem a culpa em satanaz
ele está muito longe deste lugar
o inferno é um céu perto de vocês
São os donos do destino
Procurem a própria salvação
Façam tudo sozinhos
E colherão os ricos frutos
Da minha plantação
Nem todo o amor foi capaz de livrá-los
da própria arrogância em que se criaram
num mar de lama se afogarão
E o final dos tempos tão anunciado
Passou por vocês sem que tenham notado
Não há mais salvação
Não há mais solução
Não haverá perdão!!!
* Paz****
DO ÔNIBUS DE VIAGEM..AINDA SEM CHEGAR A LUGAR ALGUM..É NOITE..SILÊNCIO..TODOS NO ÔNIBUS DORMEM...NÃO CONSIGO..INSONE..FICO A ADMIRAR O CÉU NEGRO COALHADO DE ESTRELAS..SÓ A ESTRADA, OS MONTES E O CÉU ESTRELADO. O ÔNIBUS CORRE..NÃO SEI PARA QUE..MAS NÃO TENHO PRESSA E AQUELAS LUZES APARENTEMENTE MINÚSCULAS TAMBÉM NÃO. MEUS OLHOS VÃO SE ACOSTUMANDO COM AQUELA ESCURIDÃO E DESCOBRINDO MAIS E MAIS LUZES NO CÉU QUE COMO UM TAPETE SE ESTENDEM POR TODA A IMENSIDÃO ATÉ O PERDER DE VISTA.
NESSA HORA CHORO POR ME SENTIR PEQUENA E INÚTIL NO MEIO DE TANTA GRANDIOSIDADE..DE TANTA BELEZA...
VEJO OS OLHOS E MINHA ALMA VIAJA QUERENDO ESTAR LÁ COM AQUELAS ESTRELAS QUE NEM LUTAM MAIS COM AS LUZES DA CIDADE...NÃO PRECISAM...NÃO SE IMPORTAM PORQUE AS LUZES DA CIDADE..COMO VOCÊ DISSE..SÃO PASSAGEIRAS...COMO ESSE ÔNIBUS EM QUE ME ENCONTRAVA...
JÁ AS LUZES DO CÉU SÃO ETERNAS, ILUMINANDO TODOS OS MOMENTOS DO NOSSO DIA, DA NOSSA NOITE, MESMO QUE NÃO AS PERCEBAMOS.
E QUANDO TERMINA O ALVOROÇO DA CIDADE , ELAS ESTÃO SEMPRE NOS ESPERANDO , PARA NOS CONSOLAR, NOS AFAGAR, NOS RENOVAR OU SIMPLESMENTE NOS COLOCAR PARA DORMIR EM SEUS BRAÇOS ABERTOS DE LUZES E SILÊNCIO...
UMA BOA MADRUGADA PARA VOCÊ TICO !
E SIM..PARÁ DE MINAS FOI LINDO..FORTE..PRESENTE..INTENSO E MÁGICO !
COM AMOR
BEIJOS
BYY
DANNY
SIM..ESSE CÉU DE ESTRELAS QUE TEM O PODER DE NOS LEVAR DAQUI E NOS FAZER SENTIR REALMENTE PARTE DO UNIVERSO
DO UNIVERSO PEQUENO DENTRO DE NÓS ATÉ O MUNDO QUE SE ESTENDE LÁ FORA...TODOS INFINITOS AO SEU JEITO.
EI.. ! OLHE TICO..VEJA..
UMA ESTRELA CADENTE !
RÁPIDA NÃO ?
IH..LÁ VEM OUTRA DE NOVO...
APROVEITE AGORA !
FECHE SEUS OLHOS
E FAÇA SEU PEDIDO...
MATREYA
E aí... tão fofo o texto...
bom..to sem muito o que comentar hj mas quando li lembrei de um texto que escrevi. Não tem nada haver como seu a não ser a inclusão da noite e o escuro na história.
Vê se tu acha legal... escrevi ouvindo o cd rock marciano:
A nossa noite não é como uma criança...
Crianças não fazem o que nós fazemos.
Nós sim sabemos aproveitar a noite
Como morcegos em busca de sangue
Sangue que corre nas veias preenchendo espaços
E a sede nunca acaba
No escuro nos vemos
somos gatos no cio
gritos ecoam no vazio escuro
Unhas atravessam a barreira da dor
Dor é não aproveitar a noite
como um vicio insaciável
como uma droga
que percorre as veias
O desejo nos comanda
Bestas cegas é o que somos
com olhos de gato na escuridão
com um faro apurado
guiado pelo desejo
Cobras guiadas pelo calor
tato na ponta da lingua
movimentos que cercam a presa
Presa que se deixa vencer pelo veneno
E quando a noite cai criamos asas
E no auge do momento chegamos ao céu
E nosso céu escuro não tem limites
Acada confronto quebramos barreiras
E o ciclo continua...
como vampiros imortais
como gatos selvagens
como morcegos famintos
gargulas que despertam ao escurecer...
Paixão que provoca dependência...
_______________________ ROSANE
Nuvem e Água
Esses dois devem ser explicados juntos. Estou lendo um livro que trata tb de vários aspectos da cultura japonesa. E em um dos rodapés ele trouxe uma lição muito legal, um ensinamento na verdade, zen-budista que diz:
Nos mosteiros zen, os noviços são chamados unsui (lit. "nuvem-água") e as decorações do templo zen comportam frequentemente desenhos de nuvens e água. As nuvens movem-se livremente, formando-se e reformando-se em conformidade com as condições externas e sua própria
natureza que não é tolhida por obstáculos. A água é submissa, mas tudo conquista. A água extingue o fogo ou, diante de uma provável derrota, escapa como vapor e se refaz. A água carrega a terra macia, ou quando se defronta com rochedos, procura um caminho ao redor. A água corrói o ferro até que ele se desintegra em poeira; satura tanto a atmosfera que leva à morte o vento. A água dá lugar aos obstáculos com aparente humildade, pois nenhuma força pode impedi-la de seguir seu curso traçado para o mar. A água conquista pela submissão; jamais ataca, mas sempre ganha a última batalha. Essas virtudes da água são o homem zen perfeito, cuja vida se caracteriza pela liberdade, espontaneidade, humildade e força interior, além da capacidade de adaptar-se às cirscunstâncias mutáveis sem tensão ou ansiedade".
Que bonito Tico!
Luta muito desigual essa, num existe coisa mais bela do que olhar pro céu todo iluminado, cheio de etrelas e imaginar o que se passa lá em cima, iluminação essa não tão intensa quanto a da cidade, mas sim sutil, delicada, sem exageros, que chama nossa atenção.
É isso ai vamos dar valor ao que nós temos, as coisas mais simples e belas... e não àquelas que só se compram com dinheiro, porque essas sim são as que não valem de verdade, pq daqui a gente não leva nada... só as coisas boas que temos dentro de nós.
Se cuida,
bjsss,
Alana.
Da sua sacada...
Vc avista o quiser...
"tamanha sua simplicidade de ser somente o que é e isso lhe basta.."
sou somente o que sou, e posso ser.
isso me basta.
e vc?
E eu?
Que já não quero mais ser um vencedor?
...
Saudações!!!!!!!!!!!!
Como estas?? (Espero que bem.)
A respeito destes, não tenho palavras tão expressivas e descomunais no momento como as tuas para tentar decifrar e ao mesmo tempo apenas descrever toda essa dificuldade e inutilidade humana... É um conteúdo, é um sistema que se forma ao redor dessas pequenas causas, de tão pequenas, quase despercebidas, se tornam grandes; grandes deficiências, grandes omissões...
Estou um lendo um livro do Nietzsche chamado "Vontade de Potência" (se é que influi; recomendo), e deixarei aqui fragmentos de tal; fazendo destas minhas palavras sobre:
" (...) [Isto aqui foi dito por Freud: (...) O homem sempre prossegue em sua "história da ciência, conhecendo esses instantes de avanço e retrocesso, dialeticamente, afirmando hoje o que negará amanhã, parcialmente extremado, sem conhecer os extremos, mas UM extremo; ou então, nas épocas de passividade e madureza, busca o meio termo, posição medíocre e inexpressiva, tão agradável às almas que desejam permanecer no nirvana dos balanceamentos tranqüilos.
Conhecer "os extremos", pairar acima deles e além deles, combiná-los em suas contradições, "ver o reverso das cousas", esse seria o caminho da sabedoria, mas que, no entusiasmo sempre juvenil dos primeiros enamoramentos com uma teoria nova, e posto de lado, é esquecido, ou nem sequer suspeitado.] (...) O homem generalizou u tulmutuário, o vário, o fugidio, e depois acreditou no "concreto" desses conceitos, e após, os esquematizou. E convenceu-se que o sistemático estava na cousa e nos fenômenos, quando era apenas uma acomodação sistemática. Por isso todos os grandes sistemas não conseguem resistir ao tempo.(...)
É imensamente ridícula a história do pensamento humano. Mas o ridículo também é um dos nossos equívocos, e talvez um dos menos inocentes. A palavra "verdade" está na boca de todos eles. mas sempre existiram os afirmadores da verdade. Cada época possui "sua verdade". Outras vieram e destruíram as anteriores. Por que os sábios de hoje falam como falavam os antigos?
por que nada aprenderam com a história da verdade? (...)
Estamos hoje numa fase da revisão lógica. Isso é um "signo" do nosso tempo.
Há, pelo menos, a sensação esquisita de que o homem vislumbra a relatividade de seus conceitos lógicos. Assistimos a uma fase relativista da cultura ocidental. Isso não possui nada de inédito, porque correspondentes "atitudes" são observáveis em outras culturas, quando também conheceram o seu entardecer. Neste momento crepuscular, hora de todos os matizes que se transmudam, a relatividade forma o ritmo de toda a cultura. Há limitações, e as lutas contra as limitações. Precisamente neste momento humano o homem percebeu os limites. E é onde está a tragédia da hora presente. É o conhecimento trágico da agonia da tarde, da noite que vem, do dia que desaperece, das cores que morrem e transformam em sua contemplação cósmica do ocidente onde as luzes descambam. Do oriente vem a noite. Mas também vem as madrugadas empoeiradas de luz. Mas entre elas há a noite... Estamos num momento de revisão de valores. Nem todos têm consciência desse instante. A lógica do determinado é a mesma do livre-arbítrio. A polêmica ainda não terminou e os argumentos servem para ambos os lados. Não se apele para o testemunho da fisiologia, nem da biologia, nem da psicologia, porque as razões e os princípios são os mesmos. Não há atos necessários, porque a necessidade é uma interpretação humana, e não um fato. Por julgarmos livres nossos atos, não significa que eles sejam livres, nem tampouco nos permite afirmar que sejam determinados. A mesma lógica serve para os dois lados. E aí que está o "humor" da questão. A verdade apresenta-se assim, com duas faces. Aliás, os homens custarão muito a concordar que a verdade possui duas faces...
A necessidade é uma interferência. A continuidade não justifica as afirmações absolutas. Nossa concepção aleijada de "causa" e "efeito" tem a mesma culpabilidade.
Há necessidade da compreensão dos contrastes. Mas façamos uma afirmação: na realidade não há contrastes. É a "lógica" que nos dá a compreensão dos contrastes e dela os transportamos às coisas.
Possuímos, não há de negar, o desejo da verdade. Esse desejo de estabilização é a ânsia do equilíbrio que dá um rumo aos impulsos na luta contra a instabilidade. É ele quem provoca o ímpeto de tornar o mundo verdadeiro, pela supressão do "falso". A "verdade" não é portanto, algo que exista, mas algo incriado que desejamos obter, aprender, tomar. É uma direção, um DESTINO de nosso desejo de potencialização, de realização de nossa vontade. Um "processus"... Logicizar o mundo, racionalizá-lo , torná-lo compreensível, são expedientes e acomodações. Em resumo, é a antecipação de um desejo de equilíbrio, um retorno. E esse tem sido o seu sustentáculo... (...)"
Bem, sei que dei minlhares de voltas e me aprofundei bastante no assunto; mas acredito e sei que tens a sensibilidade de perceber o eixo de ligação de nossas expressões, que por fim, unem o elemento em perguntas e respostas que nunca foram se quer, proferidas.
Mas de vez enquando cai o desconfiômetro, vivemos um pouco ou quem sabe, falha na Matrix...
Hehehhe...
Sem mais para o momento, cordialmente despeço-me... t+.
...com um carinho especial por esta...
vlw pela oportunidade...conhecê-lo, e permitir se tornar especial pelo trabalho e como humano...
com admiração...
Rubi
PS: tá na hora de voltar à Girus!!!
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