Sem inspirações/ Com inspirações

As vezes fico muitos dias sem inspiração.
Lendo textos, livros, ensaios, crônicas, e-mails ou qualquer coisa me possa despertar em mim algum tipo de estalo mental para que consiga vir até meu computador e escrever algo interessante.
Me cobro muito.
Me cobro estar a cada dia melhorando meu nível de comunicação, mas acima de tudo, treinando meu poder de concentração também nos que os outros tem a dizer.

É claro que existem fases muito diferentes, vibrações distintas, equalizações da minha alma que podem se modificar em segundos. Momentos que estou mais disponível para ouvir ( esses preciso melhorar ) e momentos em que estou tão excitado com tudo ao meu redor que sinto uma necessidade enorme de me expressar.

Me expresso com minha fala, com meus textos, com olhares, com meu corpo, com minha dança, com minha música, com meu silêncio, com meu espírito.

Não foram poucos os instantes em que tive a nítida sensação de que este corpo material ao qual habito é um
instrumento importante para que possa experimentar o mundo. Mas experimentar mesmo.
Fazer o que tenho vontade, descobrir meus limites, testar meus sentidos, vasculhar minha mente, viajar por outros caminhos por onde possa encontrar elementos que me façam entender melhor o significado dessa existência.

Quando nos permitimos experimentar o mundo, pagamos alguns preços. Podemos nos confundir e confundir os outros e nesta atmosfera viciada a tudo que é previsível e de fácil aceitação, isso pode gerar rótulos e sentimentos nas pessoas que nos cercam, que nem sempre representam nossas reais intenções.
Em alguns momentos nós também estamos sujeitos a julgar os que nos cercam de forma equivocada, por isso venho percebendo que nem sempre é bom chegar a uma conclusão definitiva sobre nada.
A conclusão definitiva pode tornar-se uma porta fechada, que mais tarde necessite ser explorada com um pouco mais de atenção e cuidado e se realmente estiver trancada com muitos cadeados, podemos perder uma nova forma de se encarar a vida ( e esta pode ser útil para o momento).

Acho que não sou o primeiro a perceber isso por conta própria e nem o pioneiro em expor esta opinião publicamente, mas sei que muitas das pessoas que compartilham desse espaço comigo em diversos momentos estão fazendo contato pela primeira vez com algumas questões.
Creio que consigo reunir, muitos jovens, muitos adolescentes, muita gente que nem gosta da banda da qual faço parte, mas que discute comigo minhas reflexões sobre o mundo.
Recebo e-mails de pessoas que descobriram por acaso o clube da insônia e que não gostam de usar o espaço dos comentários, até porque estão dispostas a somente ler o que escrevo e tirar suas próprias conclusões sem expor seus pensamentos.
Não foram raras as vezes em que me inspirei por alguma colocação, crítica, dúvida ou reflexão que me foi concedida por leitores desse blog.
Também não foram poucas as pessoas que se identificaram tanto com alguns textos que acabaram confundindo tudo, acreditando que tivesse escrito realmente algo exclusivamente motivado por ela.

O fato é que gosto de estar constantemente em compania de seres humanos e apesar de achar que a sociedade esta construída em conceitos, bases, regras, leis e significados completamente distorcidos, a alma humana individualmente me atrai. Gosto de observar as pessoas andando pelas ruas, de imaginar o que estão pensando naquele exato momento, de tentar descobrir o que as move, o que as faz sorrir, o que as faz chorar. Os motivos que cercam de tantos mistérios a mente humana, as milhares de possibilidades que muitas vezes deixamos de perceber porque estamos tão enfurnados em nossas rotinas ( incluindo os que não tem rotinas ) que acabamos deixando passar bilhares de coisas interessantes que poderiam nos ensinar muito.

Esta ordem a qual estamos acostumados é confortável até para quem convive diariamente com o sofrimento. Digo isso porque temos uma capacidade adaptação as mais distintas situações. O que nos fez chegar onde estamos hoje, também facilita muito a estagnação mental, porque passamos a aceitar tudo sem questionar nada e assim muitas coisas permanecem iguais por milhares e milhares de anos.

Não sou psicólogo, não estudei psicologia, não fiz filosofia, não sou doutor em nada, não me especializei em nenhuma cadeira acadêmica e por tanto não tenho nenhuma pretensão de ser entendido ou aceito em minhas colocações. Me considero um experimentador do tempo, do espaço, das sensações e dos pensamentos e dessa maneira me permito errar, acertar, mudar de opinião, de conceito, de idéia, de estilo, de expressão de qualquer tipo de manifestação da minha alma.
Não quero me aprisionar ainda que também não deseje ser escravo da liberdade.

A liberdade é sedutora.
A liberdade é extremamente interessante.
No entanto quando deixamos a espontaneidade de lado para nos tornarmos "Livres", podemos estar nos acorrentando a algum outro estado de espírito e assim ficamos reféns da sensação que todos os seres humanos almejam.

Assim como o certo e o errado, como o bem e o mal, como a verdade e a mentira, a liberdade é uma variável da alma e não a única.

Para budistas a liberdade é a ausência de desejos.
Para muitos é justamente o contrário, a realização de todas as vontades.
Para os Cristãos, muitos desses desejos são pecados.
Cada religião encara a natureza humana de uma forma diferente e os homens lutam a milhares de anos entre suas comunidades, sociedades, países e continentes para determinar quem esta certo e quem esta errado.

Não vou dizer que isso é bobagem ou que é estupidez, porque estaria cometendo a mesma atitude. Isso faz parte desse mundo ao qual estamos confinados, assim como todos os sentimentos, preconceitos, conceitos, leis, regras, opções sexuais, dogmas, filosofias e tudo mais que faz parte do nosso dia dia.

Tenho que aprender a lidar com isso e a usar o que conseguir a favor da minha permanência nesse lugar tão lindo e estranho chamado, Planeta Terra.

Não sei se posso considerar real ou irreal.
O que tento é estar atento ao que meu espírito sente, as suas necessidades e na medida do que considero e reflito, procuro respeitar minha forma de enxergar as coisas.
Tenho plena consciência de que corro muitos riscos, mas ainda sim, prefiro ter a sensação de que estou vivo, estou vivendo.

O que faço da minha vida, não serve de exemplo pra ninguém, porque exemplos não estão ai para serem seguidos, exemplos devem ser analisados e entendidos para que cada um possa tirar um ou mais elementos e testa-lo em suas vidas, sabendo que qualquer escolha deve ser considerada e que todas as opções que fazemos nos levam a lugares diferentes e estabelecem novas conexões com a vida.

Você faz seu próprio caminho.
Eu faço o meu, ela faz o dela, ele faz o dele.
Você se permite e permite aos outros o poder.
A responsabilidade é sempre sua e de mais ninguém.

Gosto de dizer isso sempre, porque detesto ouvir as vítimas do destino reclamando de tudo e de todos, porque é mais confortável se colocar desta maneira do que levantar a bunda do chão ou da cadeira e seguir enfrente lutando pelo que se acredita.

As vezes não sei o que escrever.
Mas prefiro acreditar que se fizer uma força para descobrir algo novo ou para olhar por outro ângulo o que já estou acostumado a ver, posso encontrar uma nova possibilidade.

E de que valeria o mundo para mim senão para vive-lo, experimenta-lo e senti-lo.

Sou um aventureiro e assim meu espírito se sente feliz.
Quando estiver um pouco mais maduro vou olhar para frente e talvez perceba que existam ainda outras faces a serem testadas neste planeta.
Vou buscar sempre as que possam me fazer feliz.

ACORDE E ANDE PARA ALGUM LUGAR!!!!!!!!

Quem sabe não nos encontramos por ai ?



Tico Sta Cruz