Eu sou vulgar.

Tava falando de novela
e passando creme na buceta.
Percebi poesia nela
enquanto admirava sua anatomia.
Cabelos longos e lindos
reluzentes diante do espelho
Belos olhos brilhantes
Um leve ar de vadia.
As unhas dos pés e das mãos pintadas de vermelho.
Nos braços pelos aloirados,
Sorriso bonito, lábios fartos
Os bicos dos peitos rosados.
Andava de um lado para o outro
e aquilo me divertia.
Pela janela do quarto aberta
a luz do sol penetrava.
Ela passava o creme pelo corpo
como numa coreografia.
Foi até a cozinha, nua em pelo.
Voltou bebendo um copo de suco de morango.
Me ofereceu um beijo demorado
Lhe ofereci minhas mãos
deitou-se de costas
senti sua pele quente.
Fisionomia tranquila
com seu sotaque cantado
sussurrou deliciosas obscenidades no meu ouvido.
Encostou-se em mim
e anoitecemos no sofá.
A televisão passara então
um capítulo inédito da tal novela que ela adorava.
Assistimos até o final,
depois brincamos mais um pouco
e nem percebemos quando a tv saiu do ar.
Logo nasceu um novo dia.
E pensando na sua cara de puta
foi que escrevi esta ....
pequena vulgaridade
numa tentativa tardia
de rimar novela com buceta
e ainda dizer que é poesia.

Tico Sta Cruz